11/08/2008

Jovem: Essa é a cara do Presente

Você já deve ter ouvido falar que o jovem é o futuro do país. Já deve ter concordado, inclusive. Natural; esse é o pensamento dominante. A juventude é o período da vida em que as novas idéias são mais fluentes; onde pensar o novo é uma constante. No entanto, vivemos em um regime sócio-econômico em que é conveniente que os jovens tenham sua função social negada. A renovação das idéias quase nunca é bem-vinda quando, em função do capital, é mais lucrativo ter uma juventude desinformada, alienada, passiva e cordial. A juventude não é futuro, é presente. Nada vai ser conquistado pela juventude além daquilo que a juventude lutar.

Existem duas formas de ser jovem sob a égide do Capitalismo. Uma é a acomodação. É fácil ser regido pelo Capitalismo sem questionamentos. Um jovem que não apresenta resistência ao modelo de alienação coletiva proposto pelo sistema dominante será absorvido facilmente pelo mesmo. Não questionará os milhões que passam fome no mundo, nem acharão nefasta a devastação da floresta amazônica em prol de um modelo desenvolvimentista de sociedade. Não vai entender que a vida não é reality show global e que dificilmente um trabalhador comum vai conseguir ganhar um milhão de reais durante toda a sua vida de trabalho árduo e honesto. Talvez nem se perceba enquanto ser dominado.

A outra forma é ser inquieto, indignado com as mazelas do mundo. É o jovem que não se faz indiferente diante da política viciada e, ao invés de se colocar em posição de vítima da politicagem, protagoniza o processo de mudança da política brasileira e mundial, tomando partido das lutas das minorias oprimidas – negros, gays e lésbicas, mulheres, índios, campesinos – rejeitando a lógica dominante de que o jovem é o futuro que talvez nunca chegue. Esse jovem sabe que tudo o que queremos há que ser conquistado com luta. Sabe que precisa romper os grilhões que prendem suas asas e o impedem de alçar vôos de liberdade de pensamento e ação.

Eu, particularmente, não me enquadro entre os acomodados. Minha energia juvenil é energia de mudança. O jovem precisa entender que o seu papel social não é mais o de viver por viver, mas sim o de conquistar tudo o que nos é direito negado; de fazer ressurgir qual fênix das cinzas a força dos jovens e das jovens que um dia derrubaram a ditadura militar, que sonharam e lutaram por um mundo com a cara da juventude. Não a juventude do porvir, mas a juventude com fome e sede do agora. Essa é a nossa cara. Inquiete-se.